terça-feira, 6 de agosto de 2013

Quando tudo começa a fazer sentido

Há alguns anos atrás resolvi montar o Monólogo da Puta no Manicômio, não satisfeito montei com duas atrizes diferentes aproveitando tudo que elas traziam, isso foi determinante para duas montagens completamente diferentes, mas de igual força. (Aline Arteira/2003 e Miriam Meee/2007) Com o passar dos anos foi me dando o desejo de fazer uma terceira montagem, desta vez aproveitando, tanto o que a atriz traria quanto a própria intimidade que tenho com este texto, escrito pela saudosa Franca Rame e por seu marido, Dario Fo. Este ano nossa autora nos deixou, então fiquei com mais vontade ainda de montar novamente "A Puta", como eu gosto de chamar este texto. Escolhi montar com a Mariana Guimarães Nicolas, minha amiga e companheira de grupo. Mas eu ainda não estava satisfeito, queria fazer alguma coisa mais explosiva e ai resolvi retomar a ideia, que eu e o Bruno Aragão já tínhamos a muitos anos, que era montar O Erostrato, conto de Sartre, pelo qual pegamos um gosto e já estamos estudando há alguns anos. O Bruno topou e tudo começou a fazer sentido na minha cabeça. Nós tínhamos "A Puta" e "O Erostrato". Ai o Rafael Mannheimer, meu amigo de longa data, se juntou a mim na montagem de O Banqueiro Anarquista, primeira montagem desta nova fase da Cia Urbana. Então eu comecei a pensar em uma peça que coubesse o tamanho da loucura do Rafael. Foi ai, que eu pensei em Antígona de Sófocles. Imaginei o Rafael fazendo todos os personagens da peça, como um deus louco do teatro. Se ele é capaz? Vocês verão! Dai, nós tínhamos três grandes personagens, três personagens trágicos, três personagens incendiários - convidei o Felipe para fazer a direção musical e os músicos: Silvano Monteiro, Leonardo Castro, que foi o diretor da trilha do sonora de O Banqueiro Anarquista e a Katia Jorgensen, minha amiga, atriz e cantora. Formamos um bloco musical, do qual farei parte. Convidei a preparadora corporal Juliana Medela e o mago da iluminação, Aurélio de Simoni, para estarem com a gente nessa. O Silvano Monteiro, que junto com o Marcos Saboya, ajudou a fazer o cenário do Banqueiro Anarquista, vai assinar, junto comigo, o cenário deste projeto. A Pâmela, que é atriz e produtora da Cia Urbana, além de ser a diretora de produção, topou fazer o figurino.
Ainda faltava um nome para o projeto quando começaram as manifestações por todo o Brasil, nós somos manifestantes profissionais e participamos da maioria delas, no Rio de Janeiro presencialmente, mas no resto do país via todos os veículos que despúnhamos, principalmente a Mídia NINJA, neste contexto encontramos nosso rumo estético, eis que surge INCENDIÁRIOS - nome do nosso espetáculo festa, nossa arte terrorista. Nossa maneira de ser Black Bloc. Pretendemos e necessitamos expandir - explodir.

Agora começamos o processo - sigamos com coragem. Vandalizemos nosso corpo, nossa alma. Não tem volta e não há futuro, só possibilidades de transformação.

 O que somos? Somos a Cia Urbana.

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